Bom dia
Eu me lembro de acordar aos domingos antes de todos os meus irmãos. Era um dos poucos momentos em que eu ficava sozinho aos meus sete anos. Quando ficava deitado na cama de baixo da beliche, um sol pálido e preguiçoso acertando meus olhos de maneira pouco gentil. Na meia luz do quarto, com a respiração de meus irmaos enchendo o ambiente, eu conseguia escutar minha mãe na cozinha pela porta aberta. Era um som familiar de panelas no fogo, copos tilintando e uma melodia cantarolada baixinho. Eu podia ver os movimentos dela por debaixo dos meus olhos fechados e sabia que ela usava um avental amarelo, enquanto colocava canecas e pratos para nós três. Tinha pão quente, e eu me lembro da toalha de mesa florida que usávamos para brincar de cabaninha vezes sem conta. Nessa hora eu costumava levantar sozinho da cama. Sem me espreguiçar, lavar o rosto, ou arrumar as cobertas. Eu só sentia o chão gelado contra o quente dos meus dedos, e caminhava até a cozinha desviando de carrinhos, boneca...