Talvez



Me mandaram descer, logo eu que amo viver nas nuvens. Talvez eu tenha esquecido o nome dela, mas daquele rosto, não tem como não se lembrar. De quem eu falo? Da menina que mora no terceiro andar, no prédio em frente ao supermercado, virando a esquina do posto de gasolina. Como eu sei? Bom, eu sou alguém que senta numa cadeira perto da janela, na padaria, ao lado do supermercado toda manhã.

Como a conheci? Ela sai do prédio de segunda a sexta, as 8 em ponto, e entre uma xícara e outra de café passei a notar a bela moça que atravessa a rua, entra na padaria, toma um chá, come dois pães de queijo e sai apressada para não perder o ônibus.

Quanto tempo faz? Não tenho certeza, sou péssimo com datas, a questão é que pode ter se passado dias, semanas e até meses.

Por que não falo com ela? Se você me conhecesse, saberia que não tenho chance alguma. Ela é o tipo de pessoa boa de se apreciar, talvez uma conversa cara-a-cara quebraria o meu encanto, ou não, talvez percebesse que ela é a mulher da minha vida. Mas de qualquer forma, são apenas hipóteses, e enquanto isso, continuo aqui, sentado, vendo ela entrando e saindo todos os dias, querendo e não querendo que ela me note.

Sou covarde? Talvez, talvez não queira sair da minha zona de conforto e levar um não logo de cara, mulheres podem ser cruéis as vezes, mesmo sem perceber.

O que estou esperando? O dia em que ela se sentar mais perto e ficar mais que 15 minutos.

Quando isso vai acontecer? Talvez logo, talvez nunca. Eu sei, sou cheio de “talvezes”, mas a certeza me parece tão entediante. Nada mais revigorante do que a alegria do inesperado.

Você não aguenta mais me ver aqui sentado? Tudo bem, eu também, vou até lá, na mesa dela, perguntar se pode me dar seus 15 minutos e se está livre para um jantar.

Okay, estou indo, até que ando bem para alguém que está prestes a perder o coração. Acho que ainda não me viu, está sentada, lendo um livro que não consigo ver a capa, e é neste exato momento que me arrisco a dizer: Prazer, meu nome é Yara!

Por Flowers.

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